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ENTRE VAZIOS

EMCB | CURADORIA POR CRISTINA BURLAMAQUI

Entre Vazios é a instalação que nomeia a exposição. Em formato Fibonacci de trezentos quilos de papel sulfite pintados com manchas vermelhas, é possível caminhar dentro dessa espécie de caracol, onde existem sensores de presença localizados ao longo dos vinte metros de percurso, emitindo sons generativos na frequência Fibonacci. 

A sequência Fibonacci descreve absolutamente tudo o que existe no mundo material, estabelece a proporção da forma e o crescimento dos seres, o tamanho, a quantidade, e a disposição geométrica das células, dessa forma as frequências Fibonacci são extremamente eficientes na harmonização corporal e cerebral.

 

A concepção de uma obra que necessita do outro para se completar é um reflexo do vácuo interpessoal que vivemos ao enfrentarmos dois anos de pandemia mundial. A obra quando vazia é silenciosa e inacabada. A presença se faz necessária para a completude da instalação.

 

As outras obras permeiam entre os restos do ateliê e a maquina de costura. Os materiais utilizados são íntimos no que diz respeito a pesquisa artística, porém nunca estiveram unidos simultaneamente em um trabalho. Os restos me interessam pois não há indício de intenção, as formas irregulares, os tamanhos, compõem a nova série – entre vazios – que são unidos através da linha preta da máquina. 

 

A poética nasce do vácuo da fala e atravessa cada material com sua especificidade, volume e textura. A sutileza em que se baseia a linguagem ao tratar de conteúdos densos, permite que esses sejam experienciados de forma profunda e intensa.

O Espaço Movimento Contemporâneo Brasileiro, EMCB se propõe a ser um lugar singular para refletirmos sobre novas expressões de arte. Pretende promover movimentos artísticos sem o compromisso com periodicidade, mas sim de harmonia e de poesia atemporais de poéticas contemporâneas que instigam a inteligência e o prazer. Harmonia que não se inscreve no trivial do excesso, mas na delicadeza e na raridade da invenção.

 

Por isso convidamos a jovem artista Gabi Gelli que na busca da realidade do “dentro e fora”, do existir, do não lugar de memórias fragmentadas segue uma trama atemporal de afetos, vida, cura em um processo de simplicidade e da poesia.

 

O trabalho traz a “cicatriz” que costurou na dor, no vazio em processo manual de costura da gaze branca, em tecido leve com algumas fortes pinceladas negras inseridas na delicadeza de diáfanos papeis de arroz branco para ressignificar o “instante poético”.

 

Ainda, em contraste com as paredes de óleo de baleia, areia e pedras da construção de 1891, na Chácara do Algodão —teremos uma apoteótica instalação sonora intitulada “Entre Vazios” composta de enormes papeis verticais plissados e pendurados em forma de caracol que foram pintados um a um pela mão da artista em vermelhos aguados e fortes e, que o espetador poderá circular entre vazios...

Cristina Burlamaqui

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FOTOS POR DANIEL SULIMA

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